domingo, 15 de novembro de 2009

As batidas de um coração apaixonado pela vida

Nos olhos do dragão – parte 1


Sentia o calor do fogo
da boca do dragão
A fúria de gritos e berros.
Machucados no corpo.
Cicatrizes na vida.

Queria mudá-lo
para um ideal que ele planejara.
Tinha todo um plano.
O mesmo plano de sempre.
Colocado em prática todo dia.
Todos os passos rigorosamente seguidos.

E, se, por algum motivo,
as regras fossem quebradas.
Egos desapontados.
O dragão vai abrir a boca.
E a raiva caíra sobre rostos tristes.

Não poderá dizer nada.
Tudo o que vai ser dito é o suficiente.
Suas ações vão ser comedidas
por pensamentos moralistas.
Certo ou errado?
Todos já escolheram.

A vida é assim.
É a realidade.

E depois de tudo isso.
Você vai ser reconhecido.
Você vai ser notado.
Você vai ser apreciado.
E vai sorrir para o dragão.

Mas eu não entendi isso tudo.
Tenho medo de dragões.
Corria o máximo que podia.
Queria distância de todos eles.

Eles diziam estava tudo errado.
Meu corpo com as marcas da repressão.
As marcas de tudo que era o certo.
E o dragão aparecia
dizendo o que eu tenho que fazer.
Era assim que tinha ser.

Planejei os dez anos que passaram.
E agora?
Planejarei os dez anos que virão.
O dragão tinha orgulho.

Eu queria a minha verdade.
Queria dizer tantas coisas,
mas não sabia por onde começar.
Isso me matava.
Estavam conseguindo que
eu desiste de viver

Eu era uma borboleta.
O que o dragão mais temia.
Era a inconstante mudança
de um sonho exagerado
de uma realidade não aceita.

Queria o que todos diziam que era impossível.
Queria o impossível.
Fazer do impossível,
a natureza do mundo.

Queria viver de amor.
E todas as perguntas surgiam.
Mas como? Como vai conseguir isso?
Querendo saber desesperadamente a resposta.
Nunca conseguiram uma.



Nos olhos do dragão – parte 2


Como podemos ficar assim?
Tentando acabar com a dor
com qualquer forma de alívio.

Como podemos ficar assim?
Estar tão tristes que não cantamos mais as nossas músicas preferidas
Como que isso aconteceu?
Estar tão tristes que não temos força para amar.



O vôo da borboleta


As cores não tinham nomes.
Havia uma sensação de paz
que flutuava ao lado.
Era um estado de transição.

Tudo no mesmo lugar.
Tudo ao mesmo tempo.
A sutileza do bater das asas
contra e a favor do vento.
De movimentos suaves.
Uma arrebatadora paixão.

E sentia que tudo ganhava vida.
Não sabia mais se era só eu,
ou se tudo era eu.
Eles não iam me deixar.

Havia mais vida por trás dessas palavras conhecidas
que se desmanchavam com o mar.
Com suas águas, cuidava de suas feridas.
Não era mais uma estranha emoção.

E era tão profundo
que a entrega era natural
Havia uma sensação de que
as nuvens nadavam no mar
E o mar nadava nas nuvens.
Onde o céu encontrava a terra.

E tudo acontecia
com os ritmos das batidas
de um coração apaixonado pela vida.

Sem perceber.
Já estava voando para o céu
para ser uma daquelas estrelas
de um céu estrelado.



O beijo do sol na lua


O sol sempre de um lado do mundo
E a lua do outro.
Sempre sorriam um para o outro.
Eles se conheciam.

De suas mãos caíam
seus pensamentos triturados.
Esperavam o dia que se encontrariam.
Eles já sabiam.

E nenhuma palavra poderia dizer
o que eles tinham.
E nenhuma palavra poderia dizer
o que eles seriam.

Estavam bem longe,
de tudo o que você acha que sabe.
Estavam bem longe,
de tudo o que você espera deles.

Eles estavam vivendo.
E se encontraram, como tantas vezes antes.
E com um toque.
Surgiam incontáveis raios de luz
que iluminavam o sorriso da lua.

E com um beijo.
Eles esqueciam do mundo.
Esses corações apaixonados
não voltariam para a realidade.



Nos olhos do dragão – parte 3

Ninguém nunca entendeu.
Como vai conseguir?
Era impossível.

Os olhos do dragão já me enxergavam.
E isso, o incomodava.
Ele fazia parte da minha vida
Eu fazia parte da vida dele.

E começou a amar o dragão...



Então, vamos...


Consegui perceber
aquela velha alegria.
Cheia de esperança.
Com seus sonhos loucos.

E comecei a cantar um samba
que não queria acabar.
E foi em um dia de carnaval
que os sonhos daquela velha alegria
mudaram aquela mesma realidade.

Pessoas fantasiadas.
Convidando outras para uma fantasia.
Sentimentos que se tocavam
Eram seduzidos por tudo que sentiam

E tudo acontecia
com os ritmos das batidas
desses corações apaixonados pela vida.

E agora?
Eu não sei.
Vamos ser felizes?
Então, vamos...

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