quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Quando ela chegou com o amor

quado ela chegou com o amor
foi mais um descuido do meu coração
embriaguez pelo perfume sutil de sua flor
e dos seus olhos negros vi nascer a paixão

acariciei os caminhos ondulados dos seus cabelos
toquei com carinho as marcas do seu macio rosto
admirei seus olhos fechados enquanto beijava seus lábios carnudos
arranquei o sofrer do cotidiano quando ofereci o meu acalanto

e se entregando do seu jeito para mim
despertou a poesia do seu sono profundo
me entrelaçou na ternura que dizia sim
do quarto escuro e solitário surgiu o nosso mundo

nossos rios corriam para desaguar no misterioso mar
mesmo conhecendo cada pedaço da dor, não negamos mais
os descontrolados e tortos passos dos atos de amar
e seu navio naufragou quando encontrou meu cais

anoitecemos, ficando lado a lado
esquecendo o brilho intenso da lua
remexendo tudo o que estava guardado
não escutamos o som que vinha da rua

acordamos apenas para viver
o que queria muito acontecer
e nosso silêncio disse naquela manhã
que a despedida não fazia parte do amanhã

A traição de um beijo

aqui fico esperando os seus passos
e da sua boca algumas perdidas palavras
mas tremo por sentir a distância dos seus braços
e o eco longínquo de nossas diferentes estradas

brindo com o copo na mão
para arrancar toda a emoção
marcada no meu peito com o ferro e fogo do desejo
da destruidora e traidora comoção daquele beijo

beijo que sempre foi meu
mas deste para outra mulher
não me digas que não aconteceu
de você, nada pode se querer

grito para o mundo que não posso te encontrar
confuso coração permace sem luz
será que vou me condenar se um dia te perdoar?
carrego comingo essa pesada cruz

bebo para tudo isso esquecer
as lembranças que me levam a você
mas apenas consigo endurecer
pelo exato momento que me fez padecer

rompi com as longas pontes dessa ferida
de um amor carregado por imensas correntes
maltrato as pétalas daquela orgulhosa margarida
quando não me tocam com gestos indecentes

da sua partida, um copo vazio
não sei se dá desgrança ou da graça que rio
mas você sempre estará aqui no meu agouro
enquanto eu sentir a falta do teu choro