domingo, 16 de agosto de 2009

A porta do quarto

Porta fechada - parte 1

A porta está trancada.
A chave na sua mão.
Apertada entre seus dedos.
Segura de todos os medos.

Estou encostado na porta.
Não vai me deixar entrar?
Estou aqui falando sozinho.
Porque você não me escuta?


As rosas caídas

Sentado na cadeira enferrujada
ao lado da mesa desarrumada.
Um copo cheio de cerveja.
Um cigarro e um isqueiro.

Nesses tempos estranhos,
um vento frio passa de repente.
As nuvens cobrem o sol.
Eu acendo meu cigarro.

Ninguém consegue ver
as rosas caídas
na rua imunda
do bar da esquina.

Prostitutas e cafetões.
Trabalhadores e vagabundos.
Todos passam por aqui.
Não encontram outro caminho.

Um gole dessa cerveja gelada.
Os corações estão aflitos.
A solidão transborda pelos olhos
dos que passam por aqui.

Ninguém consegue ver
as rosas caídas
na rua imunda
do bar da esquina.

Bêbados e loucos
gritam sem pudor.
Dançam suas danças malucas
E depois caem no chão.

As cadeiras vazias do meu lado.
Só restam as cinzas do cigarro.
Embriagado pelos copos de cerveja.
E a solidão transborda dentro de mim.

Então essas pessoas esquecidas
recolhem as rosas do chão
e vendem por uma misera atenção.
Você quer comprar uma rosa?

Ninguém consegue ver
as rosas caídas
na rua imunda
do bar da esquina.


Porta fechada parte 2

Está frio no corredor.
Você não fala comigo.
Não adianta bater na porta.
Não sei se está tudo bem.

Estou gritando por dentro.
Com uma enorme vontade
de dizer algumas palavras.
Como você está se sentindo?


Da janela do quarto

Olhando para fora.
Da janela do quarto.
Minha existência evapora no ar.
Minha essência não sai desse lugar.

Não consigo dormir mais.
Não consigo sonhar mais.
Alguém sabe que estou aqui?
Alguém está me ouvindo?

Quando nos separamos?

Aqui sozinho.
Lembro do mundo que criamos.
Nossos sentimentos sopravam como vento.
As árvores nos acolhiam com um abraço.

Nossos amigos voavam por cima das nuvens.
Tomávamos banho sem roupa no rio.
Rolávamos na grama por cima dos montes.
E sonhávamos olhando para o universo.

Tudo o que víamos.
Era nosso.
Tudo o que tocamos.
Era nosso.
Todos os cheiros.
Era nosso.
Todos os sons.
Era nosso.
E Tudo o que éramos.
Era nosso.

Nossos amigos eram as estrelas do céu.
Nós nascíamos junto do dia
e descobríamos cada detalhe
desconhecido desse mundo.

Eram as pessoas sozinhas.

E juntavam-se a nós.
E viviam conosco.
Dançávamos e cantávamos.
Brincávamos como crianças.

Os quilômetros de trilhos de ferro
cruzavam-se de diferentes formas.
Iam para todos os lugares.
Paravam em todas as estações.

Estava tudo na ponta do lápis.
Eram vidas dentro de nossas vidas.
Pequenos momentos de felicidade.
Fragmentos de cada um que surgia.

E tudo se encaixava
em um mosaico colorido.
Era uma confusão compreensível
de corações que batiam.

Compartilhávamos o dia
com toda a sua esperança.
E olhávamos um para outro
quando as palavras fugiam.

Eu adorava quando os raios solares refletiam nos seus olhos negros.
E o mar encontrava o seu corpo que explodia em milhares de ondas.
Você descobria a vida em pequenas conchas vazias.
E nós dormíamos cansados na areia fofa da praia.

O que aconteceu conosco?
Quando nos separamos?

Os sinos tocam os ecos.
Anunciando a hora de partida.
E volto para meu quarto.
E voltamos para o chão.

Arrastamos correntes
das obrigações e interesses.
E com um sorriso escondido
dizemos que está tudo bem.

E os rostos retorcidos de nossos amigos
se desmancham dentro da água
do líquido sem cor que escorre da mesa.

As linhas são retas.
Os caminhos são únicos.
E nada é a palavra daqui.
E nada mais é nosso.

Às vezes, sonhávamos que as pessoas
participariam da festa em nosso mundo.
Algumas pessoas nunca foram.
E falavam mal das nossas almas.

E todos estão se afastando.
Estão com medo uns do outros.
Todos são meus inimigos.
Protegemos nossos pertences com a vida.
Não se aproxime, senão eu atiro! Eu juro!

Quando tentamos desesperadamente
nos embriagar de amor.
Somos colocados contra o muro.
E jogam água fria em nossos rostos.

Acordamos dentro do quarto.
Não querendo sair da cama.
Com grades nas janelas.
E sufocados pela falta de ar.

Então eu consigo dormir...

Sonhando, encontro com você
Escondidos, ainda sonhamos.
Dentro do mundo.
Que nós escrevemos com nossas próprias palavras.


Palavras sem significados

Em cima do palanque.
Eu lhe entrego palavras.
De paz e amor.
E sou aplaudido de pé.

Quando nações banham seus corpos
dentro das fontes da liberdade.
Quando um pouco de sangue cair
dentro do maior rio da individualidade.

Um homenzinho magro e pálido.
Fraco, tremendo e com medo.
Sonhava em amar
o mundo como ele mesmo.

Ele morreu com um tiro na cabeça.
Seu corpo era levado pelo rio.
As águas acabavam no ralo.

O que sobrou para nós?
As palavras sem significado.
São usadas como flechas.
Para acertar seus alvos.

O amor era a minha preferida.
Uma palavra pequena e adorada.
Fácil de dizer e escrever.
Sempre subestimada.

E vamos nós na estrada.
Trocando palavras.
Que viram areia bem fina.
E se juntam aos vários desertos.

Nossos olhares fitam o nada.
A paisagem sem natureza.
O quadro sem tinta.
Palavras sem significado.

Atrás da porta de madeira.

Seguro um turbilhão de palavras.
Juntas como um buquê de flores.
Com um forte cheiro da saudade.
De quando éramos livres.
De quando éramos felizes.
Sem saber, sem perceber.


Porta fechada parte 3

A luz fraca ilumina
a noite que vem vindo.
Já estou sentado no chão
sem nenhuma motivação.

Cansei de bater na porta.
Cansei de gritar seu nome.
Está na hora de ir embora.
Está na hora de dizer adeus.


Anjos caídos

Fico debruçado sobre a porta.
Imaginando seu corpo.
Uma intensa troca.
No limite da angustia.

Nosso silêncio está perdido no tempo.
Quando nos separamos?
Nosso silêncio está perdido no espaço.
Onde nos separamos?

Eu vou voar.
E com o sol me encontrar.
E desaparecer.

Uma folha de papel na mão.
Mais um poema idiota para a coleção.
Amassado e jogado no primeiro furacão.
Destruindo tudo com todas as forças.

Nesse corredor escuro.
Eu tento enxergar a saída.
O final de tarde.
Em um tom avermelhado.

Eu vou voar.
E com o sol me encontrar.
E desaparecer.

E lá fora na rua.
Estão todos calados.
Colocam as asas no ar.
Estão dispostos a voar.

Os anjos caídos fazem fila.
Estão todos hipnotizados.
Pelo o escaldante sol.
E desaparecem sem imaginar.

Eu sou o próximo.
Ele vem vindo.
Onde não tem dor.
Toda a despedida é bem-vinda.


O baile de máscaras no teatro sem emoções

Bem-vindo ao baile de máscaras
no teatro sem emoções.
Escolha uma máscara da parede.
Divirta-se essa noite.

Uma máscara com diamantes brilhantes.
Olhos de vidro que refletem pouca luz.
Uma boca levemente avermelhada.
Um rosto de uma beleza que seduz.

Todos os movimentos e ações.
Presos aos fios de náilon.
Controlamos com cuidado.
Nossos bonecos dançando.

Sempre são as mesmas.
As palavras que diz.
Seguem um roteiro.
Não existe improvisação aqui.

Todos são atores esta noite.
Quanto melhor a sua interpretação.
Quanto mais convincente.
Melhor o resultado da apresentação.

No canto do palco.
Uma caixa de música escondida.
Onde deixam as emoções.
Ninguém se aproxima.

E ai, minha linda?
O que te traz aqui hoje?
Temos interesses em comum.
Porque não abre a porta para mim?

Vamos começar com o jogo.
Nós dois podemos vencer.
Temos o mesmo objetivo.
Abra a porta.

Você sabe que eu quero.
Eu sei o que você quer.
Precisamos enrolar mais?
Abra a porta.

Eu vou te dar tudo.
Tudo o que mundo oferecer.
Quer uma bebida para começar?
Abra a porta.

Um líquido sem cor é derramado.
Caindo gota a gota no chão.
Lambemos tudo o que podemos.
Até a última gota que restar.

Já estão acabando as palavras
do meu curto roteiro.
Vai rolar ou não?
Abra a porta.

O que você tem a me oferecer?
Um pouco de sexo, por favor.
Comerei o seu coração.
Gozarei no seu colchão.

Eu sei que você quer.
Não vale mais dizer não.
Não tenho mais paciência!
Abra logo essa porra de porta!

A caixa de música.
Encolhida no canto.
Reprimida e escondida.
Sozinha e desamparada.
Sempre passa despercebida.


Homem de lata

Senhoras e senhores.
A máquina do século.
Construída por nós.
O homem de lata.

Seu corpo feito de lata.
Com a sua energia artificial.
Com seus encaixes modernos.
É a máquina mais avançada que existe.

Ele tem todas as funções
de um ser humano qualquer.
Mas, existe uma na qual ele é o melhor.
Na satisfação de todos os seus prazeres.

Satisfaz seus prazeres mais desejados.
Satisfaz seus prazeres viciados.
Satisfaz seus prazeres nunca provados.
Satisfaz seus prazeres reprimidos.

Você pode comprá-lo
por um pequeno preço.
Imagina ter em casa,
o alcance aos seus desejos.

De uma indústria formada.
Para a sua casa arrumada.
Venderam milhões de homens.
Todos querem um.

Então você veio me satisfazer?
Venha que estou louca para isso.
Não aguento mais nem um segundo.
Você é a melhor coisa que já existiu.

Depois, o homem de lata.
Era largado de lado.
E ficava com seus pensamentos.
Atrás de uma porta guardado.

Ninguém sabia o que ele queria.
Quem se importava?
Todos tinham o que queriam.
Todos tinham o que desejavam.

Todos estavam juntos e agarrados
aos seus desejos e prazeres.
Não lembravam dos outros.
Poderiam fazer tudo sozinhos.

Um homem de lata
se recusou a obedecer.
O mundo não diria mais
o que ele pode fazer.

Ele apenas disse algumas palavras
para a pessoa que o comprou.

Você nunca pensou que a felicidade
pode ser uma simples criação nossa?
Uma criação que nunca estará pronta.
Mas vamos construindo dia-a-dia.
Sabe o que eu queria?

Eu queria que o fogo do seu coração
derretesse o meu corpo de lata.
E tudo seria mais uma explosão
desconhecida no universo.


A caixa de música

Já olhou para as ruas
aparentemente vazias?
Como você perceberia
que alguém já esteve ali.

Sempre existe alguém
em um canto escuro
dessas ruas vazias
esperando a luz se apagar

Andando por essas ruas.
Não sabendo muito onde vou.
Encontro alguém sentado no meio-fio.
Vomitando tudo o que comia.

Mais um dia triste.
Mais um dia decepcionante.
Mais um dia de luta que se foi.
Mais um dia descrente que ficou.

Você está longe daqui.
Quem eu estou enganando
quando pensei que você lembraria de mim?

Então eu não sou ninguém.
Ignorado pelos inteligentes.
Julgado pelos intolerantes.
Odiado pelos hipócritas.

Ainda não percebeu
aonde isso vai dar?

Vamos no separar.

Meu amigo caído no chão.
Vou te ajudar a se levantar.
Vamos para longe do vomito.
Respire o mais fundo que puder.

A minha caixa de música
estava na calçada quieta.
Ela se abriu sozinha
quebrando o silêncio da rua.

Um saxofone cantou o choro.
Uma guitarra contorceu o céu.
A flauta suavizou o momento.
A gaita voou pela rua.

Os bêbados, loucos,
drogados e esquecidos.
Todos escutaram a música
e carregaram seu peso.

Todos se abraçaram
e choraram
nos ombros uns dos outros.
E não conseguiam parar

Meu amigo, não chore assim.
Suas lágrimas de amargura
descem até meu ombro.
Abraçados queremos mais.

A música muda o ritmo da vida.

Parecia uma escola de samba
entrando na avenida
com muito batuque
da bateria toda unida.

Os bêbados, loucos,
drogados e esquecidos.
Todos dançavam a música.
E se sentiam leves e soltos.

Todos dançaram
e se divertiam
uns com os outros.
E não conseguiam parar.

Meu amigo, vamos dançar.
Então, vamos cantar.
Essa música tão linda
que sai dessa caixa divina.

Mais um dia de esperança
para aqueles que só precisam
de uma pequena caixa de música
que você deixou em algum lugar.

E no quarto, você não dorme.
Essa música como um furacão.
Destrói a sua serenidade.
E inflama seus sentidos.

A porta parece tão próxima.

Eu não quero isso!
Pare com isso!
Pare agora!
Chega disso tudo!

Remédios do lado da cama.
Comprimidos descem fácil
com um copo de água.
A cama não foi esquecida.

Algumas garrafas de álcool, por favor.
Para anestesiar essa dor
que chega sei lá de onde.
E vai sei lá para onde.

Devagar minha caixa vai fechando.
A música vai se acabando.
E todos voltam para o lugar
de onde vieram por escutar.

Sozinho carrego a caixa
nos meus braços com cuidado.
Desiludido e arrependido.
Repetindo para mim mesmo.

Desculpe se nessa mistura
de felicidade e alegria
de compaixão e amor
da minha caixa de música.

Eu sentir alguma por você...


Porta fechada parte 4

Você está sentada na cama.
Olhos de peixe morto.
Sem forças para andar.
Lembranças na parede fria.

Um vento vazio se aproxima.
Encolhida você fica.
Meu ouvido colado na porta.
Só existe essa porta entre nós?


Algo desconhecido

Atrás dessas nuvens de água.
Em algum lugar dessa respiração.
Nas sementes germinado.
Nas árvores que crescem do chão.

No canto dos nossos olhares.
Nos gestos delicados.
No momento que nos conhecemos,
em que rimos das nossas bobagens.

De nossas próprias palavras.
Daquela felicidade que surgia
sem ser convidada por nós
mas que tinha vida própria.

Das folhas que caem
atrás de você,
mas não percebe
o que querem mostrar.

Como elas voam suavemente.
Como vem e vão.
Com movimentos involuntários.
Algumas batem na sua mão.

O vento que canta
nos nossos ouvidos
uma maravilhosa canção
da época em que nós
ainda nos divertíamos.

E nós não somos mais os mesmos.
No sol pintando a paisagem
junto com o mar calmo.
Atrás da montanha que medita.

Nessa natureza muito louca.
Nas coisas sem sentido.
Com os pés no chão
e a ponta do dedo no céu.

Você pode se perder nisso tudo.

Mostre para mim o que quiser.
Diga para mim o que quiser.
Eu não vou te machucar.
Você pode apenas sussurrar.

E você aparece na janela
gritando para o mundo todo
que pode voar pelo céu sem asas
e nadar para o fundo do mar sem guelras.


A criança da minha vida

Alguns poucos raios de claridade
com sombras estranhas de folhas desajeitadas
passam pela janela cobertas por cortinas
dentro de um quarto cheio de melancolia.

É apenas uma criança presa na cama
com tubos pelo nariz e boca,
agulhas no braço, comida no prato,
um rosto triste e pouca reação.

Diga que eu não poderei brincar
com meus amigos lá fora.
Diga que eu vou morrer de câncer
nos próximos meses adiante.

Nós ainda estamos aqui.

Eu vou dedicar o meu amor
para a criança da minha vida.
Saiu correndo com os braços abertos
Não está vendo ela sorrindo?

Alguém com cara de palhaço
entre no quarto pintado de branco.
Os olhos da criança
logo se enchem de alegria.

O circo todo estava ali.
Trapezistas, malabaristas.
pulando de um lado para o outro
arrancando aplausos sinceros.

Os palhaços engraçados
arrancando gargalhadas
das atenções reviradas
de crianças ativas.

E o mágico entra em cena
mostrando que a mágica
ainda vale a pena
nos milagres dessa vida trágica.

Diga que não confia em nós.
Diga que nada mais vale a pena.
Diga que tudo não passa de ilusão.
Diga que entre nós não exista nada.

Nós ainda estamos aqui.

Eu vou dedicar o meu amor
para a criança da minha vida.
Saiu correndo com os braços abertos
Não está vendo ela sorrindo?

Eu não vou morrer hoje
Hoje, eu já despertei
Ainda dá para aproveitar
esse dia que me entreguei.

E a criança não cansa
e eu também não.
Pintamos a ponta do nariz.
Desenhamos nossos sonhos nas paredes.

E lá vamos nós,
jogando cores nos quartos brancos,
brincando com nossos pés tortos,
queremos contagiar os seus olhos,
nunca mais vai se esquecer de nós.

Diga que tudo desabará amanhã.
Diga que os sonhos vão desaparecer.
Diga que vamos crescer e esquecer.
Diga que vamos morrer.

Nós ainda estamos aqui.

Eu vou dedicar o meu amor
para a criança da minha vida.
Saiu correndo com os braços abertos
Não está vendo ela sorrindo?

É uma pena
que você não esteja aqui.
Queríamos compartilhar
tudo isso com você.

Eu e a minha criança
descemos as escadas
e corremos para a rua.

E você no alto da sacada
esperava na janela.
E passando rindo muito,
nós te percebemos.

Você não quer brincar conosco?


Ela

A raiva presa no quarto fechado.
Tudo que era seu no chão.
Todos os vidros quebrados.
O seu espelho rachado.

Refletiam suas mil almas.
Eram o resto de luz das estrelas
que explodiram criando outras formas
de vida com sua própria luz.

Da janela do quarto fechado.
Ela não conteve esse sorriso bobo.
O horizonte já não podia.
Esconder o início daquele dia.

Ela não sabia que podia amar


Porta fechada – parte 5

Se estivéssemos aqui
Você perceberia?
Se estivéssemos aqui
Você lembraria?

As pessoas na rua
Estão eufóricas
Cantam e dançam
O bloco está passando...


Carnaval

Nesses tempos de festa .
Todas as portas são abertas.
Todos vão para a rua.
O bloco está passando...

Com uma chave enferrujada.
Você abre a porta do quarto.
Ela se quebra em vários pedaços.
E nós descemos de mãos dadas.

Nessa multidão de gente.
As histórias de nossas vidas.
Quebram todos as teorias.
Vamos cair nessa folia!

Embriagados de felicidade,
nos perdemos nessas multidões.
Todas nossas concretas opiniões,
se perdem no mar dos corações.

E o bloco, já parou de cantar?
Olha lá! Tem outro passando lá.
Vários blocos em um só lugar.
Nós não vamos parar.

Nós não vamos parar...


Nirvana

E não conseguimos mais segurar.
O quarto agora com a porta aberta.
E não nos importamos mais.
E nós queremos mais.

Com toques sutis e inesperados.
Descobrimos o corpo um do outro.
Nessa sintonia louca de movimentos.
Nos perdemos os braços e as pernas.

No fundo todas melodias e letras,
se entrelaçam e se desfazem,
saindo com toda a força
de nossas caixas de música.

As estrelas agitadas no céu
mudam de posição e direção.

Então, uma explosão.
Então, uma supernova.

Todas as paredes são destruídas.
A porta pesada cai no chão.
E o vento invade nossas mentes.
E o mundo toca violão.

O sol encontra a lua.
Um beijo.
Um eclipse.
E o universo muda...


Nos cantos dos olhos e nas sombras dos corações

O que o seu coração faminto
grita no seu ouvido?
O que tem lá fora?
O que tem lá dentro?

De corredores longos e mudos,
para quartos vazios e escuros.
O que te lá fora?
O que tem lá dentro?

Você acha que acaba aqui?
Atrás de uma porta sem graça?

Sabe, eu estou te esperando.
Nos cantos dos olhos
e nas sombras dos corações.
Eu estou te esperando.

Você acha que acaba aqui?


Porta fechada - parte 6

Nós acordamos.
Um pouco assustados.
Não percebemos o dia.
Estamos atrasados.

Nós temos que trabalhar.
Quanto mais rápido melhor
Já estamos com mão na porta.
Talvez, um dia nos vemos de novo.