quarta-feira, 14 de setembro de 2011

O leve peso da vida

Eu apenas quero que você me diga como ser feliz. Nada acontece como você diz. Parece que o tempo está passando, talvez já passou, e agora? Queria que alguém me olhasse e não revirasse os olhos em outras direções diferentes e que meus olhos transbordassem a paixão e o desejo do meu corpo sensível a contatos extremos. Será que alguém vai querer tocar na minha mão aquecida cuidadosamente no bolso do meu casaco? Será que alguém vai notar a minha existência se extinguindo na lua cheia que desaparece entre as nuvens esquecidas da noite? Não queria palavras fingidas, porém tampouco atrevidas, dirigidas a mim pela indiferença de conhecer o mundo vasto por trás delas. Acho que já não consigo dizer sobre o desinteresse das expressões presas por rostos que não amanhecem comigo. Já não consigo viver o que não vai acontecer. As músicas são feitas para você, e não para mim. A vida é muito pesada para se viver sozinho. Diga como amenizar a tristeza cravada pelo ar, quando vejo com fulgor a beleza do mar? É preciso uma imensa força estranha para derrubar ventos reclusos, melancólicos por natureza, retraídos pelo seu penar, e me pergunto se alguém também conhece essa força através das próprias forças, fossas nos lugares inóspitos, escuras, ecos de um canto solitário. Você tem o encanto surpreendente que tanto eu busco nas pequenas coisas que você faz, mas não consigo te acompanhar, nem mesmo chegar até onde você quer me conduzir, através de seus belos acasos de um dia qualquer. A minha memória é revirada para trazer alguma alegria de um tempo de outrora, porém não vejo ninguém que você prometeu trazer para mim, para me fazer esquecer do próprio tempo, do meu próprio ser. Estou cansado de mim. Por todos os lados que eu perceba a vida, só vejo a mim. E fico assim, sonhando que eu sou feliz por sua causa, sonhando que acredito em tudo que você diz, sonhando que você um dia vai voltar mesmo que nunca tenha ido, sonhando que você vai me fazer mudar de vida com a sua. E nessa hora que sinto mais falta de alguma coisa que ainda não sei, alguma coisa que eu deixei, alguma coisa que eu não permiti, algo que minha compreensão inocente quer.
Tenho reunidas comigo várias frases de efeito, daquelas que as pessoas colocam na vitrine de suas vidas, mas nenhuma delas tem algum efeito sobre mim. A vida ri de nós. Nessa guerra, corremos na mesma direção, esmagando ossos quebrados, procurando um abrigo nuclear, e esperamos pacientes o silêncio ensurdecedor de uma bomba que torcemos que caía sobre nossos espíritos frágeis. Porque me fizeste ser traído por tudo o que vivi? É triste perceber a miséria dos nossos olhos mortos pelo medo de poder ver o que não era visto antes. E que tem coragem de dizer? Toda a poesia é para você, e não para mim. A vida é muito leve para se agarrar. Queria sentir suas nuances e balanços que você mostra com sua forma tímida e se desmancha despedaçada sobre o meu solo. O sofrimento tortura nossas pequenas esperanças, e você gosta de me enganar com seu jeito de quem veio para cuidar. Assim, eu durmo querendo morrer, mas acordo querendo viver. E a vida também se desespera, arranca cabelos, caí nos seus desenganos, enlouquece com o doce sabor de seu sorriso querendo ser reconhecido por quem também tem a vida, ainda desconhecida, e com uma vontade de se conhecer por um raio de sol que se esconde por trás das nuvens brancas com formas incompreensíveis a olho nu. E se alguém se aproximar, será que não veio para machucar? Não adianta lutar, é uma batalha perdida para si mesmo. Eu só queria uma cor, qualquer uma, desbotada, porém radiante na sua luz refletida pelo lago parado e calmo, de águas já explorados por outros corações. E vivo (vivendo) preso pela presença de alguém traduzir o sofrimento com gestos delicados, para a vida se libertar em pequenas gotas de chuva, que molham a tristeza de alguém que ofereça um pouco de sua vida carregada de nuvens cheias de lágrimas querendo cair sobre essa terra ainda viva.

sábado, 3 de setembro de 2011

Apenas uma vez

Será que procurou nos meus olhos
alguma lágrima para chorar
e na minha boca
algum sorriso para sorrir?

Apenas uma vez,
ela caía

Será que encontrou no meu corpo
um lugar para ficar
e no meu rosto se aproximado ao seu
lado a lado?

Apenas uma vez,
ela sucumbia

Será que se segurou nos meus cabelos
com a força que não tinha
e no meu pedaço de amor
que se perdeu entre suas coxas?

Apenas uma vez,
ela ardia

Será que se agarrou a felicidade
no despertar de sua primavera
e enfrentou a tristeza
escondida nos cantos do seu quarto?

Apenas uma vez,
ela morria

Será que sonhou sozinha
quando ninguém mais vinha
e criava coragem
para mais uma vez pedir?

Por favor,
mais uma vez,
ela queria