segunda-feira, 9 de julho de 2012

A praia deserta daquela mulher

Amanhecendo
o sol nasce
para vê-la
carregando
a esperança
de um novo dia
e o vento da maresia soprado por ela
me arrepia

Sorriso entregue
beijo com gosto
salgado
a candura que encanta
guarda o seu
coração maltratado

Aos meus ouvidos,
o som do seu cantar
desperta
o meu lado mais sonhador
o reflexo azul
do espelho do seu olhar
confunde
os lapsos inusitados do meu amor

Seus olhos tristes
têm a ternura
dos mitos
das carícias
do seu lugar
o toque malicioso
da sua pele morena
esconde os mistérios no fundo
no fundo do seu mar

Anoitecendo
a lua chega
para brilhar
pelos seus
olhos da cor
da madrugada
e espero que o tempo não venha apagar
o poema escrito
em suas areias amadas

E através
da minhas mágoas
queria ser tudo o que ela quer
para me banhar
nas profundas águas
da praia deserta
daquela mulher

Mais um copo cheio

Mais um copo cheio
já vem alguém
trazer uma lição
olha meu receio
ninguém sabe
do meu coração

Mais um copo cheio
conversa distraída
para me acalmar
trabalho de jardineiro
mas não sei a hora
que vou acordar

Mais um copo cheio
pego um cigarro
para me acompanhar
fagulha de centeio
a cerveja começa
a me alegrar

Mais um copo cheio
peço mais uma
pro dono do bar
aproveitando meu devaneio
ele volta dizendo
que já vai fechar

Mais um copo cheio
mais um dizendo
que já vai parar
um samba com recheio
não tenho mais ímpeto
para dançar

Mais um copo cheio
a essa hora
para que cantar?
nunca ninguém veio
agora bêbado
onde vou me segurar?