segunda-feira, 17 de março de 2008

Nao há motivos para matar, mas há motivos para amar

Escrevi esse poema, depois de ver um filme na aula de Mundo Contemporâneo. O filme em si era um poema que se unia ao campo visual para mostrar uma experiência humana do século XX, o nazismo. O nome do filme é Noite e Neblina, um filme que teve um grande impacto sobre mim.


Nao há motivos para matar, mas há motivos para amar


Como entender?
Como compreender?
O que aconteceu
com as pessoas
que escolheram a morte
como o caminho
para uma outra vida?
Matar todos os inferiores
para vitória dos superiores?

Teorias racistas
expiraram um homem
a criar uma idéia
e fazer do cidadão
uma maquina da razão
uma maquina sem razão.

Pessoas sem vida
como matéria-prima
para as necessidades
de pessoas com vida.
Produziram ódio em massa
para não faltar em casa.
Quando a razão controla a mente
o coração não da palpite
para as ações infelizes
de homens que renunciaram a emoção.
Será que sentem alguma sensação?

Como podem me ver
e não sentir meu sofrimento?
Como podem me tocar
e não sentir meu corpo?
Como podem me ouvir
e não escutar meus gritos?
Como podem falar de mim
se não me conhecem?
Como podem me conhecer
se me ignoram?
Como podem me ignorar
se me matam?


Dentro dessa loucura consciente
alguns tentam manter sua sanidade
encaram como uma nova vida
uma mudança para a nova casa
a vida nos campos
reflete a das cidades
as pessoas seguem o cotidiano
o cotidiano segue as pessoas
a violência é natural
uma vida quase normal
enquanto alguns se conformam
outros tentam de alguma forma...
resistir.

Não deixaram o sol nascer
para que a noite fosse eterna.
Mataram o solo
para que nenhuma flor nascesse.
Mataram as pessoas
para que a neblina não se espalhasse.
Se existisse vida
logo ela seria perdida
nos campos de concentração
nos campos de execução
nos campos sem coração.

Os corpos enterrados
alimentaram o solo.
As almas das pessoas
que ali morreram
o reviveram.
Então hoje
nascem as flores
formando campos
todos os anos.
O sol forte ilumina
o que a noite escondia.
Da até pra ver no horizonte
a esperança de dias melhores
que depois de todas essas dores
podemos cultivar outros valores.

Sempre surgem motivos para matar
mas eu quero mostrar um motivo para amar.

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