sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Sombras de um artista

revistas recortadas, palavras do poeta
não agradam aos ouvidos da prostituta
e o louco sobe o muro do hospício
e se equilibra com apenas uma mão

deus e o diabo disputam a dançarina
para ver quem vai tirar sua calcinha
e do lado de fora do céu
dois amantes ainda tentam despertar

solidão a maltratar os olhos
dessas meninas de convento
que glorificam um homem só
implorando o seu perdão

o noivo na ponte querendo ver anjos
ele quer voar para deixar o mundo
depois de ter sido deixado no altar
pela mulher que nunca amou

o enforcado está sobre os olhos de todos
condenado pela nossa comunidade
escorre lágrimas de arrependimento
por não ter dado um último beijo nela

permanece o vazio nesse imenso jardim
nunca encontrei com a jasmim
se eu chamá-la de flor
será que ela aparecerá na minha ilusão?

Vi tudo o que não devia
Escutei tudo o que não devia
Disse tudo o que não devia
Não devia... o que não devia?

são sombras desfiguradas do artista
transformadas no seu mundo de autista
esperando ansiosas e tímidas por alguém
a dizer que sente o que não devia também

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