segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Meio-dia

Meio-dia
O dia começa com a esperença futura da alegria
Meia-hora
A hora passa no ritmo dos soluços de quem chora

Tentativa irreal de segurar o tempo com as mãos
optativa de quem apenas quer uma oportunidade
na cadência revelada dos tantos e tantos nãos
desembarcam em cruzadas sangrentas de verdade

Meia-hora
A hora se esconde atrás da pequena aurora
Meio-minuto
O minuto cristalizado na crosta do mundo

O real se mostra a partir de ossos quebrados
sofrimento de quem ama a chama na varanda
na dessarumação imposta de partes de quadros
recheados da covardia de quem está na cama

Meio-minuto
O minuto instaura o preconceito de maluco
Meio-segundo
O segundo traz o intransponível muro

entoa a balada do décimo ciclo da morte
nossos corpos encaixam no ritmo do jamais
o impossível corte na face do norte
liberam pequenas coisas que não voltam mais

Meio-segundo
O segundo que tem medo do escuro?
Meio-dia
O dia começa no momento que ia

Nenhum comentário: