Meio-dia
O dia começa com a esperença futura da alegria
Meia-hora
A hora passa no ritmo dos soluços de quem chora
Tentativa irreal de segurar o tempo com as mãos
optativa de quem apenas quer uma oportunidade
na cadência revelada dos tantos e tantos nãos
desembarcam em cruzadas sangrentas de verdade
Meia-hora
A hora se esconde atrás da pequena aurora
Meio-minuto
O minuto cristalizado na crosta do mundo
O real se mostra a partir de ossos quebrados
sofrimento de quem ama a chama na varanda
na dessarumação imposta de partes de quadros
recheados da covardia de quem está na cama
Meio-minuto
O minuto instaura o preconceito de maluco
Meio-segundo
O segundo traz o intransponível muro
entoa a balada do décimo ciclo da morte
nossos corpos encaixam no ritmo do jamais
o impossível corte na face do norte
liberam pequenas coisas que não voltam mais
Meio-segundo
O segundo que tem medo do escuro?
Meio-dia
O dia começa no momento que ia
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