quarta-feira, 23 de julho de 2008

A Vingança do Pistoleiro


O lobo devorando sua presa


Eu não sei meu nome. Meus pais nunca me disseram. Mas fiquei conhecido como Paladino. Eu tinha oito anos. Era apenas eu, minha mãe e meu pai. Morávamos em uma pequena fazenda, a poucos quilômetros da cidade mais próxima. Era um dia de sol, meu pai e eu estávamos cuidando dos porcos, trocando a ração velha, pela nova. Minha mãe estava estendendo a roupa em um varal improvisado, iria aproveitar o dia de sol para secar as roupas. Do horizonte, vinha um homem, cavalgando lentamente sobre sol forte. Ele se aproximava da fazenda. Meu pai o avistou e caminhou ao seu encontro. Eu e minha curiosidade fomos também recepcionar o convidado. Minha mãe desconfiada, também, foi caminhando, para saber o que esse homem queria. O homem parou, desceu do cavalo. Ele e meu pai começaram a conversar. Quando me aproximei, meu pai olhou para mim e disse:

- Filho, vá para casa. Essa conversa é para homens.

Olhei para homem. Ele tinha uma queimadura na bochecha da parte direita do rosto. Eu não pude fazer nada, senão obedecê-lo. Caminhei de volta para casa, mas não entrei. Fiquei observando de longe a conversa. Estavam os três, minha mãe também estava na conversa, apesar da aparente reprovação de meu pai. Conversaram mais um pouco. Um aperto no meu coração. O homem sacou a pistola e apontou para meu pai. Quando meus olhos arregalaram, escutava-se o primeiro tiro. Meu pai caia no chão, e minha mãe ia acudi-lo. Quando as lágrimas caiam dos meus olhos, escutava-se o segundo tiro. Esse atingiu as costas da minha mãe, que nada pode fazer. Eu apavorado corri para dentro e me escondi. Fiquei horas escondido no meu armário. Então criei coragem para sair. Na frente da casa estavam os corpos dos meus pais. Eu nunca mais esqueço aquela queimadura.

Agora, eu sou um pistoleiro. Agora, eu quero vingança.

Tinha recebido a informação de que o homem que tinha uma queimadura no rosto era de uma gangue, chamada diabos de ferro. Sabia também que alguns deles iam beber em um bar na cidade de Little Rock. Esse era seu destino. O sol forte sobre a cabeça, sempre ele. Paladino montado no seu cavalo, com chapéu cobrindo os olhos, com as duas pistolas, suas maiores amigas, na cintura. Eram duas western 45. Seu tio tinha lhe dado, depois de aprender a atirar. Depois de vários anos, suas mãos se acostumaram com as pistolas, eram quase que uma coisa só. As mãos sabiam o que fazer, na hora certa. As mãos ficavam em sintonia com os olhos que desvendavam o lugar para onde ia à bala. Paladino chegava à cidade. Little Rock só tinha uma avenida principal, onde se encontravam os saloons, a cadeia, o banco e algumas casas. Cavalgava lentamente, até chegar em um bar, do lado do banco. Desceu do cavalo e parou em frente à porta de entrada.

Entrou no bar. Havia algumas pessoas jogando poker em uma mesa. Outras bebendo. E não podia deixar de faltar um pianista tocando no fundo. Paladino caminhava lentamente até o balcão do bar. O barman perguntou:

- O que vai querer?

- Uma cerveja – respondeu Paladino.

Sentou e se acomodou. Deu uma olhada para o bar. Alguns estavam olhando de volta:

- Aqui está a cerveja – disse o barman.

- Obrigado. – respondeu Paladino.

A cerveja rapidamente desceu pela goela. Estava quente, porém não se importou. Seu rosto suava muito, e estava morrendo de sede:

- Traga mais uma cerveja, por favor.

O barman colocou a cerveja no balcão:

- Aqui está.

- Obrigado, de novo.

- Será que você não conhece alguém dos diabos de ferro? – perguntou Paladino.

- Quem quer saber? Cuidado rapaz. Você não sabe onde está se metendo. - respondeu o barman.

- Ninguém, eu só quero saber.

Escutando a conversa de Paladino e o barman, um dos homens que estava jogando poker, se levantou e disse:

- Quem quer saber sobre os diabos de ferro?

- Ninguém, eu já disse. – respondeu Paladino.

- Então, você encontrou um diabo de ferro, rapaz.

Enquanto dizia isso, o homem, devagarzinho, colocava a mão em sua pistola, e com um movimento rápido, desembainhou-a, mas antes de qualquer ação, uma bala bateu no revólver que voou para longe, ferindo de leve sua mão. Paladino, em um piscar de olhos, tinha sacado a pistola e atingido à mão do diabo de ferro. Com outra pistola atirou no outro capanga e com um salto para trás, passou por cima do balcão, até cair atrás dele. Tiros começaram a serem disparados. Paladino olhou para lado, estava o barman, que levou um soco, sem esperar, caindo inconsciente. Muitos tiros em direção ao balcão. Algumas pessoas fugiram, porém ainda restavam quatro capangas dos diabos de ferro.

- Peguem ele, rapazes! Esse desgraçado feriu minha mão. Não pode sair daqui vivo!

Paladino saiu correndo, no meio dos tiros, e girou sua mão direita para frente e acertou um tiro no peito de um capanga. Ainda na corrida, chutou uma mesa que caiu, servindo de escudo. Mais tiros, agora na direção da mesa. Pegou uma cadeira, arremessou para alto e com um pulo para lado acertou dois tiros. Um na cabeça de um capanga que olhava para a cadeira. E outro no ombro do homem, o da mão ferida, que caiu no chão. Levantou-se, se jogou em cima do balcão, deslizando para frente, atirando sem parar. Todas as balas acertaram um capanga que caiu para fora do bar, destruindo a janela. Paladino guardou as pistolas. Foi andando calmamente até o último capanga vivo. Ele estava com um tiro no ombro e a mão machucada. Paladino se aproximou e perguntou:

- Você conhece um homem com uma queimadura no rosto? Ele é um de vocês.

- Não te interessa, seu babaca. – respondeu o homem, cuspindo um pouco de sangue.

Paladino encosta o pé, calçado com um bota bem vagabunda, no ombro sangrando do homem, e pisa com um certa rigidez, gerando muita dor. O homem grita:

- Está bem, eu falo!

Paladino retira o pé. E o homem solta um suspiro:

- Nós nos reunimos em Wichita. Em um bar chamado Diabo Vermelho. O nome dele é McAdam. E só o que eu sei!

Paladino olhou para o homem e disse:

- Obrigado.

Depois atirou na cabeça dele, espalhando sangue pelo bar. Seu destino era Wichita. A vingança estava chegando mais perto. Ele a sentia em todo o lugar. Agora apontava para Wichita. Guardou a pistola, calmamente, caminhou para entrada do bar e saiu. O sol ainda estava forte, seria uma longa cavalgada até Wichita. Mas dois homens armados com winchesters 73 apontavam o rifle para ele, do outro lado da rua. Fora surpreendido! Pulou para uma pilha de feno, enquanto os tiros passavam raspando pelo seu corpo. Da pilha de feno, rolou até o chão e ficou atrás de uma carroça. Os homens não paravam de atirar. Paladino não tinha escolha, teria que enfrentá-los. Na primeira pausa. Ele saiu do esconderijo, apontou as duas pistolas para frente e atirou. O primeiro tiro pegou no olho de um capanga. O outro respondeu com um tiro, mas também foi alvejado com um tiro no peito. Depois do movimento, Paladino se agachou. Guardou as western. Colocou a mão na barriga. Havia sangue em sua mão. Ele foi atingido. Agora ele sentia a dor da bala na sua carne. Não era um tiro de pistola, mas um tiro de espingarda. Ele sabia que tinha que retirá-la, senão morreria. Porém estava começando a ficar fraco. Caminhou até o cavalo. Montou-o. E disparou pelo deserto. Fechou os olhos. A vingança dava forças para Paladino. Ele superava seus limites. Conseguia ultrapassar seus sentidos. Ele se sentia imortal. Mas agora era diferente. Ele foi alvejado. Sua vingança foi colocada em risco. Teria que tirar forças desse sentimento para viver.

Estava ele sentado no chão, encostado em uma pedra, perto de seu cavalo, com a cabeça abaixada. Levantando a cabeça, ele sentiu seu coração pulsar mais rápido, ao mesmo tempo, em que parava. Havia um lobo na sua frente. Os olhos do lobo fitavam os dele. Os dois se encaravam, mas Paladino sentiu medo. O lobo começou a rosnar, mostrando todos os dentes da boca. Paladino começava esboçar alguma reação, porém parava, não sabia o que fazer. O lobo, então, correu para cima dele.

Paladino acordou suando frio. Foi um pesadelo causado pela febre. Olhando em volta, percebeu que estava em uma espécie de cabana. Havia um mistura de ervas em sua ferida, que só olhando, dava para dizer que tinha melhorado. Levantou-se, meio cambaleando, saiu da cabana. Respirou o ar profundamente. Espiou um índio sentado em uma rocha, fumando um cachimbo. Os olhos do índio se voltaram para Paladino, e com dificuldade disse:

- Branco, descansar.

- Eu sei. E obrigado por cuidar do ferimento. – falou Paladino apontando para a ferida.

O índio fez um sinal de positivo. Paladino voltou para a cabana.

Uma semana se passou e o ferimento já estava completamente curado. Durante a semana, Paladino e o índio trocaram poucas palavras. O índio não falava muito bem o idioma dos civilizados, a comunicação era um pouco difícil.

- Já vou indo. Obrigado por me ajudar – Disse paladino.

O índio estendeu a palma da mão contra Paladino. Pegou uma vareta e desenhou alguma coisa no chão. Um lobo devorando sua presa. Com a vareta o índio apontou para o desenho e disse:

- Cuidado.

Paladino olhou atentamente o desenho. O lobo era igual ao do pesadelo. Mais uma vez paladino disse obrigado, ajeitou seu chapéu, montou no cavalo e se despediu:

- Vou para Wachita, adeus!

O índio fez um sinal de positivo e um gesto estranho. “Deve ser para me desejar boa sorte” pensou Paladino. Pegou as rédeas, e balançou. O cavalo disparou pelo deserto.


A outra face da pistola


A noite chegara, tão rápido quanto Paladino ao seu destino. Era a cidade de Wichita. Uma pequena cidade, não tinha nada de especial. Mas seria aqui, que a vingança aconteceria. Paladino respirou fundo. Enfim, o dia chegara. Apesar de cansado, não se importava. Seus músculos estavam preparados. Seus olhos aguçados. Suas mãos não esperavam a hora de atirar. Cavalgava, olhando para os lados. Procurava o tal bar. Diabo Vermelho era o nome dele. Parou. Avistou o nome. Era aqui. Desceu do cavalo. Entrou no bar.

O bar estava vazio. Só havia alguns homens bebendo em uma mesa, com duas mulheres sentadas com eles. Provavelmente duas prostitutas, tentando ganhar a vida. Paladino foi direto para o balcão. Olha atentamente a sua volta. Principalmente a única mesa do bar. Um aperto no seu coração. Era ele. McAdam. O homem com a queimadura no rosto. O homem que matou seus pais. Sintia a mesma coisa, quando tinha oito anos. Mas se conteve. O momento certo chegará. Paladino se virou para o barman:

- Uma cerveja, por favor.

- Não posso te servir. – disse o barman.

- Porque não?

- O bar está fechado.

- Não parece. – replicou Paladino.

Nesse instante, um dos homens que estavam bebendo, se aproxima:

- Esse bar é privado. É melhor você dar o fora, forasteiro.

- Mas eu só quero uma cerveja. – disse Paladino.

- Dê o fora! – insistiu o homem.

Paladino, rapidamente, desferiu um soco na boca do estomago do homem e se moveu para trás dele, apontando a pistola para sua cabeça, como um refém. E a outra pistola apontada para o grupo de homens que estavam na mesa. Todos os homens da mesa se levantaram e miraram suas armas para Paladino:

- Quem é você? E como se atreve! – disse um deles.

- Não se movam, senão eu o mato. – falou paladino.

- Porque você acha que nos importamos?

Paladino percebeu que iam atirar, largou o refém e pulou para trás de um piano velho. O homem foi fuzilado. McAdam grita:

- Você não tem para onde ir, forasteiro. Apareça e nós te mataremos rápido.

Paladino estava cercado. Teria que se expor à morte de novo. Talvez nem conseguisse matar McAdam. Isso não poderia deixar de acontecer.

Alguns relinches e barulhos de carroça fora do bar, despertaram a atenção:

- Você! Vá ver quem é! – disse McAdam.

O homem obedeceu. Deu uma espiada pela janela:

- Merda! É a polícia!

- Tudo bem. Vamos todos sair pelos fundos. Andem logo! – falou McAdam.

Todos saiam pelos fundos, atirando contra o piano, para que Paladino não pudesse segui-los.

O xerife e dois homens entraram no bar. Paladino não teve escolha. Colocou as western no chão e as jogou para o xerife. Os dois homens seguraram paladino.

- Você está preso! – disse o xerife.

- Pelo o que? – retruca Paladino.

- Destruição de patrimônio e vadiagem. Está bom para você? – responde o xerife.

Paladino esboça um sorriso irônico. Ele é levado para a delegacia de Wichita. É trancafiado em uma cela:

- Amanhã será julgado por um júri popular, podendo ser enforcado. Você está sendo acusado de vadiagem, destruição do patrimônio privado e assassinato. – diz o xerife.

- Assassinato? Quem eu matei? – replica Paladino.

- Havia um homem morto no bar. E só vimos você lá.

- Mas eu não o matei!

- Está bem. Vamos esperar seu julgamento.

Parece que tudo conspira contra Paladino. O cansaço o pegou, ele acabou adormecendo.

Uma escuridão. Só ele e o lobo de novo. O lobo rosnava, olhando nos seus olhos. Mostrava todos os dentes. Mostrava a vontade de estraçalhar sua carne. Paladino era sua presa. Ele não podia escapar. Olhos vermelhos. Pelo branco acinzentado. Preparado para o bote.

Paladino acorda. Mais um pesadelo. Um barulho o chama a atenção. Um dos homens que estavam no bar olhava para ele e batia a pistola na grade, repetidamente:

- O que você quer? – perguntou Paladino.

- Não gosta de visitas? Só vim aqui para dizer que o chefe quer te ver. Ele está em uma fazenda. Uns dez quilômetros daqui. Apareça, se conseguir sair daqui vivo.

- Eu aparecerei.

O homem sai, com um sorriso confiante. O xerife se aproxima da cela:

- Está tudo pronto.

O xerife abre a porta da cela com a chave. Dois homens escoltam Paladino, que estava com as mãos amarradas, para o julgamento. Saindo da delegacia, havia umas dez pessoas esperando, silenciosamente. Na platéia, estavam dois homens do diabos de ferro, esperando o veredicto. Havia um poste de madeira com um pedaço de ferro em cima, nele estava amarrada uma corda que ia até a metade do poste. Paladino foi levado até lá. Subiu em um tablado de madeira e colocaram a corda em volta de seu pescoço. O xerife pronunciou algumas palavras:

- Esse homem está sendo acusado de assassinato, vadiagem e destruição de patrimônio privado. Quem acha que ele é culpado?

A multidão respondeu, unânime, com braços levantados e gritos bem altos. O xerife deu o sinal para o enforcamento. E agora? Eu não posso morrer aqui. Um compartimento nos pés de Paladino se abriu e a corda enroscou no seu pescoço fazendo uma pressão.

No mesmo ato. Uma flecha atingiu a corda, e Paladino caiu no chão aliviado. Rapidamente se desvencilhou da corda em suas mãos e correu para uma carroça que estava estacionada. Os homens do diabo de ferro atiravam. E também, entraram em uma carroça. Paladino pegou as rédeas, balançou e saiu em disparada com os homens atrás dele. Eles atiravam sem parar. Paladino estava sem suas western, não podia revidar. Jogou a carroça para direita e brecou de leve. As carroças ficaram lado a lado. Paladino largou as rédeas e foi para trás. Os homens atiravam contra o pano que cobria a carroça. Paladino sorrateiramente, por trás, passou para a carroça do lado, enquanto os homens atiravam na carroça onde ele estava. Paladino deu um soco em um dos homens que caiu da carroça. O outro tentou apontar a pistola para Paladino, mas ele conseguiu segurar sua mão. O homem largou as rédeas. Era uma disputa de forças. A pistola ficava no meios das mãos, imóvel. A carroça sacolejou. Os dois caíram para trás. O homem ficou com a pistola na mão, preparado para apertar o gatilho, mas Paladino colocou o pé na barriga dele e com um impulso jogou-o para fora da carroça. Rapidamente, pegou as rédeas, conduzindo a carroça para a fazenda.

Chegara ao seu destino. Uma fazenda com aspecto velho, histórico. Na varanda estava McAdam, sentando em uma cadeira de balanço. Lentamente balançava a cadeira. Alguns capangas ficavam em pé, imóveis, do seu lado. Um vento forte soprava. Paladino parou e observou. Desceu da carroça. Caminhava na direção de McAdam. Era o momento. O grande momento. O único momento. Parou em frente a McAdam e encarou-o com os olhos. Os capangas sacaram as pistolas e apontaram para Paladino:

- Se acalmem, rapazes. Isso é entre mim e ele. - disse McAdam.

McAdam se levantou e encarou de volta:

- Desafio-o para um duelo. – diz Paladino.

- Eu aceito. – responde McAdam.

Os dois andam para o centro de uma área aberta:

- Tragam as pistolas! – grita McAdam.

Dois homens correm até eles. Um entrega uma pistola para McAdam, e outro entrega uma pistola para Paladino:

- Contaremos até dez. Depois atiramos. – diz McAdam.

- Está bem. – concorda Paladino.

Um fica de costas para o outro. Paladino sente tudo ao seu redor. O vento passando. O sol no seu rosto:

- Um! – os dois gritaram ao mesmo tempo.

Cada um deu um passo. Paladino conseguia ouvir o pé de McAdam batendo contra a areia.

- Dois!

Mais um passo. Conseguia sentir a concentração de McAdam.

- Três!

Mais um passo. Toda a força de McAdam estava se acumulando na sua mão.

- Quatro!

Mais um passo. Cada vez mais distantes, mas Paladino sentia McAdam tão perto, que parecia que ele estava a seu lado.

- Cinco!

Mais um passo. Paladino já conseguia enxergar a bala saindo da sua arma e acertando o coração de McAdam. Sentia o coração de McAdam bater, e sabia quando ele iria parar.

- Seis!

Mais um passo. A angustia toma conta de Paladino. É o tiro mais importante de sua vida. Talvez o último.

- Sete!

Paladino deu um passo. McAdam não. Ele parou e virou. Apontou sua pistola para Paladino, e colocou toda sua força no dedo do gatilho. Paladino previa todos esses movimentos. McAdam não conseguiria enganá-lo. Ele enxergava além. Girando seu corpo, e ao mesmo tempo atirando, Paladino acertou a bala de misericórdia de sua vingança que acertou o coração de McAdam. McAdam largou a arma e caiu no chão. Seu coração foi parando, até que não bateu mais.

Paladino caminhava lentamente. Acabou. Estava tudo acabado. A vingança estava concretizada. Porém, não sentia mais nada. Nem o vento. Nem o sol. Nem a pistola em sua mão. Sua vida era um paradoxo. Pois o sentido de sua vida era a morte de uma outra vida. A vida ficou sem sentido agora. Estava fraco. Não conseguia dar mais um passo a frente.

Na sua frente, surgiu um lobo. O mesmo lobo, com pelo branco acinzentado e com olhos vermelhos. Ele estava devorando sua presa. Estraçalhando sua carne. Sangue se espalhava pelo chão. O lobo soltou um uivo, bem alto, e seus olhos começaram a encarar os olhos de Paladino. Paladino tremia. O lobo começou a rosnar e a mostrar todos os dentes, sujos de sangue. Dava para ver a raiva e ódio em seus olhos. O lobo, então, começou a correr na direção de Paladino. Enquanto que Paladino, lentamente, movia sua mão direita, na qual segurava a pistola, para cima. O lobo chegava cada vez mais perto. Paladino apontou a pistola para sua cabeça. O lobo corria. Ele engatilhou a arma. O lobo chegara e pulava para cima dele. Então Paladino apertava o gatilho, disparando, enfim, seu último tiro.

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